Nota da APS/PSOL sobre as eleições
Para derrotar o genocida em 02 de outubro, precisamos intensificar o combate à sua figura nefasta e seus neofascistas e fanáticos obscurantistas, todos a serviço do grande capital e do imperialismo em geral.
Todas e todas às ruas em 07 e 10 de Setembro!
Num quadro eleitoral incerto, nossa luta é decisiva!
- Estamos há menos de um mês do primeiro turno das eleições de 2022. Neste momento a prioridade das forças democráticas, populares e socialistas é impor uma derrota expressiva ao neofascismo bolsonarista e ao genocida Bolsonaro. Essa derrota deve ser social e política, culminando na vitória da candidatura de Lula nas eleições presidenciais e na eleição de parlamentares comprometidos com o socialismo, a revolução, a defesa dos direitos sociais e democráticos de nosso povo e a soberania nacional.
- O cenário que se apresenta continua sendo de incertezas. Embora hoje a tendência principal seja a vitória de Lula, ela não está dada. As pesquisas com maior credibilidade apontam uma redução da diferença entre Lula e Bolsonaro, reduzindo as chances de a fatura ser liquidada já no primeiro turno. A avaliação ruim/péssima do governo vem reduzindo, embora a rejeição a Bolsonaro ainda continue em patamar muito elevado (em torno de 50%).
- As medidas econômicas, eleitoreiras e criminosas do governo Bolsonaro estão a todo vapor e ainda têm potencial de deslocar parte do eleitorado, inclusive os mais pobres, para sua candidatura à reeleição. A gestão do orçamento secreto por seus apoiadores da bancada corrupta do Centrão é um importante instrumento eleitoral. A leve melhora da economia e do desemprego também coloca na agenda de Bolsonaro notícias positivas que serão exploradas a seu favor. A esse fator econômico combinam-se a mobilização em torno da pauta reacionária dos costumes e as Fake News, que continuam a circular massivamente nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens.
- Na medida em que Bolsonaro melhora sua competitividade, já que ele nunca deixou de ser uma candidatura forte, seus cabos eleitorais fisiológicos e neofascistas se motivam mais, entram em campo de forma mais ofensiva.
- Em contrapartida, a campanha de Lula segue tendo como eixo central a memória dos seus dois mandatos (2003-2010). Mesmo com as críticas que temos aos seus rebaixados governos, é preciso reconhecer que uma parte expressiva do povo trabalhador avalia esse período como melhor do que a crise na qual o país está mergulhado nos últimos anos. Essa memória material e afetiva, combinada com a piora geral das condições de vida dos setores populares, é o que leva Lula a ser líder das pesquisas de intenção de voto.
- Mas essa tática pode ter chegado ao teto e coloca a sua eleição em risco. Primeiro é preciso considerar que lá se vão 20 anos da sua eleição (ocorrida em 2002) e 12 anos do final do seu segundo mandato (2010). A memória desse processo é desigual e contraditória, podendo gerar dificuldades para construir a maioria eleitoral necessária para vencer a eleição no primeiro turno. Segundo, que a campanha está muito restrita a atos estritamente eleitorais (horário eleitoral, entrevistas/debates, comícios e ativismo nas redes sociais) com pouco estímulo à mobilização social permanente para disputa do voto e contraposição às iniciativas políticas e eleitorais de Bolsonaro.
- O objetivo central de Bolsonaro é ganhar a eleição para continuar destruindo o Brasil e os direitos do povo trabalhador, além de escapar da cadeia. Suas ameaças golpistas são parte da sua tática eleitoral, uma estratégia de marketing político que permite a ele um triplo movimento: manter sua base mais ideológica, neofascista e fanática religiosa, coesionada; ao mesmo tempo, simular moderação nos canais oficiais da campanha (televisão, rádio, debates e entrevistas); e ampliar sua base eleitoral a partir do conjunto de medidas econômicas eleitoreiras que foram tomadas nos últimos meses.
Os 200 anos da “Independência”, a mobilização de Bolsonaro e o desafios das forças democráticas e populares
- Nas próximas semanas entraremos no momento decisivo do processo eleitoral. Bolsonaro e seus apoiadores estão intensificando a mobilização de suas bases políticas e sociais. Um grande ato está marcado para os 200 anos da “Independência” formal, mas que o Brasil nunca teve de fato. Ao que tudo indica, terão atos em todo o Brasil, sendo que os mais expressivos devem ser em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
- Já as forças democráticas e populares optaram erradamente pelo esvaziamento do tradicional Grito dos Excluídos no 07 de setembro, argumentando o receio de conflitos com o bolsonarismo, e marcaram ato para o dia 10/09. Mesmo compreendendo as questões de segurança, essa posição foi mais um erro.
- A condução defensiva das principais direções dos movimentos populares não contribui para ganharmos terreno, nem mesmo para darmos mais amplitude às lutas contra Bolsonaro. Além disso, mobilizações amplas devem ser acumulativas, com intenso processo organizativo anterior e progressivas mobilizações setoriais. Nada disso está em curso. A vacilação tática que foi marca das forças democráticas e populares nos últimos anos continua.
- O terreno das mobilizações de rua é fundamental para demonstrarmos força e inibir o apoio às aventuras golpistas da extrema-direita. É nesse processo que fortalecemos a identidade coletiva dos nossos ativistas e criamos condições subjetivas melhores para os enfrentamentos do hoje e do amanhã.
Vamos às ruas em 07 e 10 de Setembro
- As campanhas eleitorais devem tornar-se polos de mobilização social permanente nessa reta final. Devemos participar ativamente do Grito dos Excluídos no 07 de setembro e mobilizar imediatamente para realizarmos um grande ato em 10 de setembro. Ganhar a batalha das mobilizações nas ruas é uma tarefa imediata e inadiável.
- É necessário também mudar o tom da candidatura Lula. A memória do passado tem limites e estes estão postos com a relativa estagnação de Lula nas pesquisas de opinião mais confiáveis. Por mais “retrato do momento” que elas sejam, é necessário reverter uma tática eleitoral que estimula a passividade para o dia da eleição, como se não fosse ocorrer até lá intensa disputa do bolsonarismo contra a esquerda em geral e particularmente contra a candidatura Lula, ou como se as medidas e as notícias econômicas não fossem ter impacto nas eleições.
- Polarização deve ser respondida com polarização e não com passividade. É preciso intensificar a denúncia contra Bolsonaro pela ampliação das desigualdades sociais, da pobreza, da fome e da piora das condições de vida da grande maioria do nosso povo, da destruição ambiental e da entrega das riquezas nacionais ao capitalismo internacional. Esses são os temas centrais dessa eleição e em torno deles devemos conquistar corações e mentes nas ruas, escolas, empresas e territórios. É importante também combatermos os retrocessos que Bolsonaro representa para os direitos individuais e coletivos dos negros e negras, das mulheres, dos LGBTQIA+ e das populações indígenas, quilombolas e campesinas.
- É preciso também apresentar um programa com medidas de curto, médio e longo prazos que revertam a herança maldita dos governos Temer e Bolsonaro, e mesmo de governos anteriores do PT e de FHC. Mas sabemos que o eixo oficial da campanha Lula não vai exatamente nesse sentido. Mesmo assim, ele é a alternativa posta para derrotar Bolsonaro. Cabe aos setores à esquerda ir além na questão programática, apontando a necessidade de, para melhorar de fato a vida da maioria do nosso povo, medidas que enfrentem o imperialismo, os monopólios privados nacional e internacional, o agronegócio e a concentração fundiária, a destruição do meio ambiente e a concentração de renda e riqueza.
Ampliar a mobilização social para eleger Lula e derrotar a ameaça neofascista nas eleições e depois dela
- Eleger Lula no primeiro turno ainda é possível. Mas somente isso não é suficiente para conter as intenções golpistas de Bolsonaro, já que parte da sua sobrevivência política passa por manter sua base mais fiel permanentemente mobilizada. Essas ameaças e iniciativas cumprem esse papel.
- O fundamental é reduzir o tempo de campanha para bloquear uma possível recuperação de Bolsonaro para o segundo turno. Nesse caso, será iniciado um novo capítulo na disputa, com tempo igual de exposição na TV e no rádio, ao mesmo tempo em que Bolsonaro poderá apresentar dados mais favoráveis, alimentando a ilusão de que tem condições de realizar um segundo mandato superior ao primeiro. Sem contar que seus apoiadores podem ficar mais animados e ofensivos.
- As direções das organizações populares devem preparar suas bases sociais para intensificar a campanha agora, e manter e ampliar a mobilização social caso a eleição vá para o segundo turno.
- Esse processo eleitoral é uma batalha cujo desenrolar é imprevisível. O “salto alto” deve ser evitado. Cabe às forças democráticas e populares analisarem e aplicarem as táticas combativas e de massas.
- A esquerda revolucionária e reformista radical deve se fortalecer política e organizativamente. Para tanto, deve, nessa reta final da campanha, engajar-se para eleger Lula, sem deixar de apresentar um programa de caráter democrático e popular (antimonopolista, antilatifundiário, anti-imperialista, ecossocialista, democrático radical e contra todas as opressões) como melhor alternativa para superar a atual crise e a profunda dependência estrutural do Brasil. Isso deve estar diretamente associado ao objetivo de elegermos parlamentares combativos e que contribuirão para as lutas de nosso povo, com atuação independente.
- Nossos compromissos durante e depois das eleições são com os interesses fundamentais de todos os explorados e oprimidos. Por isso, estamos nas ruas para derrotar Bolsonaro e criar melhores condições de luta por uma sociedade igualitária e radicalmente democrática, uma sociedade sem exploração e opressão, uma sociedade socialista.
Coordenação Nacional da APS/PSOL – Ação Popular Socialista
Setembro de 2022
Parabéns Psol, vocês tem uma visão de política maravilhosa!!! Não vejo o tempo desse país ser governado por um partido desse nível.