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Estamos num dos piores momentos da história do Brasil. A pandemia do coronavírus revelou o caráter genocida do governo Bolsonaro. Sua política de morte pode levar a mais de meio milhão de vidas perdidas.
A fome e a miséria infestam o Brasil. A crise econômica se aprofunda, o desemprego e o desalento se tornam crônicos e o desmatamento assume proporções inimagináveis. O país se tornou uma ameaça à saúde do planeta. A quadrilha que comanda o país, sob a tutela militar e civil burguesa, está destruindo nossa soberania nacional, nossas riquezas e os direitos do povo e segue roubando o futuro das próximas gerações.
Tirar Bolsonaro e Mourão do governo não é apenas uma palavra de ordem, é um imperativo sanitário e político. Por isso somos a favor de uma grande frente com todos, todas e todes que estão pelo impeachment e que lutam contra as medidas antinacionais, antipopulares e antidemocráticas desse governo. Quanto maior for essa unidade, melhor. Aqui o elemento que nos unifica é a luta contra Bolsonaro; nessa frente cabem todos que estão contra esse genocida. Evidente que as medidas de distanciamento, ainda que absolutamente necessárias, não nos favorecem nessa mobilização, pois nosso lugar privilegiado de luta é a rua e nesse momento estamos preservando vidas e as manifestações públicas estão restritas. Mas seguimos firmes, reinventado nossa luta.
Nesse cenário caótico, as eleições de 2022 se avizinham e a corrida eleitoral, infelizmente, se antecipa. A hora agora seria de concentrar esforços em derrotar Bolsonaro em 2021, mas a maioria dos partidos e forças políticas nacionais preferem submeter a luta ao calendário eleitoral. Bolsonaro e a ultradireita já trabalham pela reeleição, enquanto a direita e a centro-direita buscam desesperadamente um nome que possa ser eleitoralmente viável. E Lula, após a justa anulação da farsa jurídica que o condenou, se postula agora como um candidato de centro-esquerda à procura de aliados na direita tradicional. Reconhecemos e defendemos seu direito a se candidatar, mas o Brasil precisa de uma candidatura realmente de esquerda. Assim, reiteramos nosso direito e nossa legitimidade à candidatura do PSOL. Nosso partido tem história, autoridade e programa para enfrentar essa disputa política e eleitoral com independência e coerência, sem comprometer a unidade contra Bolsonaro e a unificação de todos contra ele no segundo turno.
O Brasil precisa de uma candidatura, de um programa e da mobilização popular para vencer a pandemia, mas também fazer um enfrentamento radical e profundo da crise. A solução de nossos problemas não passa apenas por mudar de presidente ou derrotar o projeto neofascista, mas por afirmar um conjunto de ações de enfrentamento radical dos problemas estruturais de nossa sociedade, os quais os governos do PT não ousaram enfrentar. Precisamos de um programa democrático e popular (antiimperialista, antimonopolista, antilatifundiário, ecossocialista, democrático radical e contra todas as opressões) que dialogue com demandas do hoje, tais como a auditoria da dívida pública, a defesa do serviço público, um programa de empregos e a garantia de renda mínima e moradia digna a todos, todas e todes.
Se não enfrentarmos esses problemas não haverá solução para o país. A adoção de medidas paliativas e a tentativa de “humanizar” ou “melhorar” o neoliberalismo já mostraram onde isso nos leva. Não podemos repetir o erro; é hora de andar para frente, de superar posturas ainda mais atrasadas e ineficazes do que o neodesenvolvimentismo.
Numa disputa em dois turnos, abdicar de uma candidatura própria é um risco enorme de invisibilização política e programática verdadeiramente de esquerda. Mais que teorias, a prática é nosso critério de verdade. Vejamos e aprendamos com os exemplos de Belém e São Paulo nas eleições municipais de 2020. Se tivéssemos sucumbido ao “senso comum” de abrir mão de nossas candidaturas não teríamos um governo popular em Belém e a extraordinária vitória política, e até mesmo eleitoral, em São Paulo.
O PSOL tem não apenas o direito, mas a obrigação de apresentar um programa verdadeiramente democrático e popular e um forte nome à presidência em 2022. A disputa no primeiro turno não pode se resumir a um plebiscito – é isso que a burguesia mais quer. Precisamos fazer a disputa pela consciência da classe trabalhadora e todo o povo oprimido e isso se faz na construção de um programa que rompa com os limites impostos pelo grande capital. Na atual conjuntura só o PSOL tem a estatura política para fazer isso de forma responsável e coerente.
Ousar Lutar com o PSOL e o povo para reconstruir nossa história!

Ação Popular Socialista – APS/PSOL

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