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Há um mês, assumimos a importância de uma candidatura própria do PSOL à presidência da Câmara dos Deputados, por estarmos diante de um grande desafio histórico que requer da classe trabalhadora, seus partidos e movimentos consistência ideológica e compromisso com a luta popular para derrotar Bolsonaro e seu projeto de morte.

Esta eleição coloca para o PSOL a necessidade de afirmar uma alternativa capaz de enfrentar a velha política do toma lá dá cá e os partidos neoliberais golpistas e suas lideranças. Não deve ser papel da esquerda combativa, fortalecer uma candidatura alinhada ao capital financeiro internacional, defensora das reformas estruturantes do Estado brasileiro que retiram direitos e  aumentam a desigualdade.

Baleia Rossi, candidato de Rodrigo Maia à presidência da Câmara, aparece como um nome de oposição a Bolsonaro, argumento reforçado por parte da bancada do PSOL. Na prática, é defensor das políticas do governo e sua política econômica. Rossi, assim como Lira, candidato oficial de Bolsonaro, votou em mais de 90% das propostas do governo, é homem de confiança de Michel Temer e já se posicionou várias vezes contra o avanço do impeachment, mesmo diante do crescimento do sentimento anti-Bolsonaro.

Não temos dúvidas de que a deposição de Bolsonaro e a aprovação ou não das reformas, não exatamente depende de quem ganha ou quem perde a eleição na Câmara dos deputados, mas da luta popular e de como os interesses do capital e  frações burguesas vão se movimentar para manter ou levar adiante o afastamento do presidente e sua turma.

Nesse momento em que mais de 215 mil vidas foram perdidas, na maior tragédia recente da nossa história, fortalecer a resistência e intensificar a relação com os movimentos sociais e frentes de luta deve ser nossa prioridade máxima. É preciso  apontar como horizonte um programa de enfrentamento aos grupos, frações e segmentos da burguesia que desejam, mais uma vez, reestruturar o país para atender seus interesses particulares e exclusivos.

Combater as reformas admistrativa e tributária, a autonomia do banco central, a destruição da Amazônia, a falta de investimento em saúde e educação, a concentração de renda, as privatizações das empresas públicas, o negacionismo, o desemprego, o genocídio dos povos tradicionais, das mulheres e da juventude negra só é viável com independência e diálogo permanente com os movimentos sociais e trabalhadores.

Diante do quadro de desesperança e pragmatismo, o lugar da esquerda combativa, comprometida com a luta pela transformação da sociedade brasileira, deve ser o de questionar a ordem capitalista e seus representantes. A candidatura de Luiza Erundina é um passo importante nessa direção. Além de estar no campo de oposição ao governo, a candidatura dá visibilidade ao debate em torno da representação de gênero na presidência da casa. Como a única mulher na disputa, Erundina busca ocupar um espaço que há praticamente 200 anos tem sido de homens brancos e endinheirados. Apesar de todo simbolismo e significado que carrega, apenas isso não basta.

Essa incerteza tática é produto da falta de debate nas instâncias partidárias, envolvendo o conjunto da direção em discussão com a bancada, o que asseguraria a democracia interna e a definição de uma posição unitária, sem exposição do PSOL e suas figuras públicas. Agora, é preciso que os setores do partido, com posição vacilante, reconheçam a importância de uma candidatura com programa político consistente, capaz de apontar um novo caminho para o Brasil.

Por sua trajetória, Erundina é a única com autoridade de defender a taxação das grandes fortunas, um programa efetivo de transferência de renda, um imediato e ativo plano de vacinação pública e gratuita, de defender o serviço público e combater as reformas de Bolsonaro, Guedes e Mourão que retiram direitos e aprofundam a desigualdade. Além disso, tem coragem para levar adiante o impeachment.

Por outro lado,  reforçar a resistência ao bolsonarismo e seu projeto de entrega do país é essencial na luta contra os retrocessos. Por isso, não existe outro caminho que não seja o de fortalecer também, através da ação institucional, a campanha pelo Fora Bolsonaro/Mourão! Defender a soberania nacional e as liberdades democráticas e intensificar os atos e manifestações contra o projeto genocida do governo e seus aliados declarados ou disfarçados de críticos.

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