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Bolsonaro quer destruir reservas ambientais e terras indígenas para exploração e turismo predatórios. Quebrando a fiscalização e ampliando o reino dos agrotóxicos. Artigo de Marciel Viana*, a seguir.

 

A Natureza do Governo Bolsonaro

O que se esperar de um governo em que o Presidente fala que Índio em seus territórios são como animais em Zoológico?

O que se esperar de um governo que diz existir uma indústria de demarcação de terras no Brasil e que, por isso, retirou a responsabilidade de demarcação das Terras Indígenas da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e passou para os ruralistas do Ministério da Agricultura?

O que se esperar de um governo que chama as ONGs de picaretas e suspende convênios e parcerias de várias ONGs com o Ministério do Meio Ambiente (MMA)?

O que esperar de um governo que mal iniciou, e já propõe a fusão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)?

Essa proposta de fusão, foi um dos motivos que levou à demissão do ex-presidente do ICMBio, Adalberto Eberhard. O Ministro do MMA, Ricardo Salles, aproveitou da situação e colocou o Coronel Homero Cerqueira, que possui apenas um ano de experiência na Polícia Ambiental de São Paulo, para dirigir o ICMBio.

O que esperar de um governo em que o presidente afirma que o IBAMA é uma indústria de multa e que isso atrapalha o crescimento do país. Para reduzir esta indústria, o governo já cortou, em 20%, o orçamento do IBAMA.

O que se esperar do Ministro do Meio Ambiente, que devido ao seu autoritarismo na reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), já recebeu uma moção de repudio feita pelos Conselheiros do CONAMA?

O que se esperar de um governo que para receber os Índios durante o Acampamento Terra Livre em Brasília, convoca a Força Nacional de Segurança?

O que se esperar de um governo que permite aumentar ainda mais o uso de agrotóxico em nosso país?

Já perdemos em torno de 90% de nossa Mata Atlântica, mais de 50% de nosso Cerrado e ultrapassamos os 15% de supressão da Amazônia Legal. Não podemos aceitar que a mudança de governo, mude a forma de fiscalização ambiental.

Temos um governo desenfreado, que está buscando, no grito, intimidar os funcionários e desarticular toda a política de fiscalização ambiental existente. As consequências disso, serão o avanço do desmatamento e dos conflitos no campo, que já vem aumentando desde o governo Temer.

Além de todo esse desastre nos órgãos ambientais, o governo está concedendo à iniciativa privada os nossos Parques Nacionais. O modelo de privatização está sendo feito nos Parques Nacionais da Serra Geral e de Aparados da Serra, na Região Sul do país. A Ideia do governo é ampliar, até o final do ano, para mais vinte Parques Nacionais de apelo turístico.

Com isso, percebemos que o objetivo do governo Bolsonaro é ampliar a exploração vegetal e mineral para gerar divisas e privatizar o acesso das pessoas aos remanescentes de floresta que restarão.

Se o governo Bolsonaro tiver êxito em sua política ambiental, só restará ao povo brasileiro o direito de ser turista e pagar para visitar o remanescente de sua própria floresta.

* Marciel Viana é geógrafo, professor e militante ecossocialista

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