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A ascensão da extrema direita no Brasil nos últimos anos representa mais do que um fenômeno eleitoral passageiro. É um reflexo de uma ofensiva brutal das classes dominantes para conter o avanço das lutas populares, manter privilégios e aprofundar o projeto neoliberal. Alimentada por um discurso de ódio, nacionalismo barato e anticomunismo, essa corrente política ganhou força nas brechas deixadas pela crise social e pelo esvaziamento da organização de base. Aproveitou-se das frustrações e desesperanças para canalizar o ressentimento popular contra os próprios trabalhadores e oprimidos, enquanto protege as elites.

Em nome da família patriarcal, defendem a grande propriedade privada e buscam saídas para aprofundar a exploração do capital sobre o trabalho. São privatistas, defensores do Estado mínimo, do arrocho salarial e da manutenção do esquema da dívida pública. Na prática, representam o capital na sua forma mais voraz e brutal e, ainda assim, capturaram o discurso anti-sistema.

Esse avanço não é obra do acaso. A extrema direita, com o bolsonarismo à frente – e reinventado pelo “fenômeno Marçal”-, atua de forma orquestrada para desarticular a classe trabalhadora e fragmentar os movimentos sociais, impulsionando retrocessos brutais em termos de direitos e conquistas. A crise capitalista e o aumento da precarização criaram as condições para um discurso que não oferece saídas reais, mas aponta culpados fáceis. O objetivo é certeiro: minar a resistência popular e manter intactas as estruturas de exploração e opressão.

No entanto, esse momento exige mais do que a defesa dos direitos. O enfrentamento da extrema direita passa por reconhecer o significado profundo dessa ofensiva na luta de classes e suas repercussões na vida dos que vivem do trabalho. Não basta resistir, é preciso passar à ofensiva, recuperando a capacidade de mobilização e de organização em torno de um projeto que vá além das reformas e que toque nos pilares do sistema. Nosso desafio não é recuar o discurso, é torná-lo mais contundente, enraizado no dia a dia do povo e capaz de dialogar com as frustrações reais das massas.

Se a esquerda tem se mostrado, em certa medida, “ultrapassada”, isso se deve ao abandono do trabalho de base e à aposta em atalhos institucionais sem profundas mudanças na estrutura.

Enquanto a extrema direita ocupava as ruas e as redes sociais, nós muitas vezes caímos na armadilha de acreditar que apenas uma disputa eleitoral bastaria para derrotar o fascismo. Agora, a tarefa é recuperar o que deixamos escapar: a organização de base, a formação política, a construção de alianças classistas e a prática revolucionária cotidiana.

O socialismo é mais do que um discurso ou um projeto a ser alcançado num futuro distante. Ele se constrói agora, nas lutas concretas, nas greves, nos mutirões de solidariedade nas periferias e no diálogo atento e disposto. A extrema direita só será derrotada com radicalidade, e isso significa abandonar o medo de falar em socialismo, em luta de classes, em revolução. Não há espaço para hesitação. O momento exige firmeza, coragem e a disposição de endurecer o combate contra aqueles que querem nos empurrar de mais profundamente para a barbárie.

Precisamos de uma esquerda que não apenas resista, mas que inspire, que seja capaz de mobilizar e de fazer a disputa ideológica em todos os espaços. Uma esquerda que não recua, mas avança com a certeza de que o futuro se constrói na luta e na organização popular, no trabalho de base e na defesa intransigente dos interesses da classe trabalhadora. Isso não é ultrapassado, é necessário.

Ousar lutar, ousar vencer!

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