Moro, em seu discurso de demissão, acusou Bolsonaro de interferir em investigações na Polícia Federal, o que é crime; Bolsonaro demite o chefe da PF e acusa Moro de só pensar em sua nomeação ao STF; ambos se acusam de traição. Nota da APS/PSOL, a seguir.
Fora Bolsonaro, Mourão e todo o seu governo!
Impeachment já e Eleições Gerais!
O ex-Ministro Sérgio Moro, em seu discurso de demissão, acusou Bolsonaro de tentar interferir em investigações na Polícia Federal, o que seria um grave crime; Bolsonaro demite o chefe da PF e acusa Moro de pensar apenas em sua nomeação ao STF; ambos se acusam de traição.
O país mergulha em grave crise política no auge da pandemia do novo coronavírus no Brasil, com o sistema de saúde dando sinais de esgotamento e os mortos sendo contados às centenas todos os dias – apesar da subnotificação evidente. A sequência de fatos desta semana supera a imaginação de ficcionistas: o Presidente investe contra membros de seu próprio governo; participou de comício que viola o isolamento social, com faixas pedindo o fechamento do Congresso e do STF e intervenção militar, cometendo crimes de responsabilidade em série. Em seguida, a Procuradoria Geral da República encaminha denúncia ao STF, que autoriza investigação pela Polícia Federal. Irrompem diversos pedidos de impeachment de Bolsonaro no Congresso, até agora represados por Rodrigo Maia.
Os crimes apontados, inclusive envolvendo a investigação do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, devem ser investigados e punidos com rigor, mas a traição de ambos está bem caracterizada e é contra o povo brasileiro. Moro, Bolsonaro, Mourão, Guedes e toda a tutela militar infiltrada em diversos ministérios, incluindo o da Saúde, fazem parte do mesmo projeto de desmonte do Estado e retirada de direitos dos(as) trabalhadores(as).
A política econômica neoliberal defendida por Guedes e abraçada pelo conjunto do governo Bolsonaro mostrou-se absolutamente incapaz de enfrentar os efeitos da pandemia. As políticas compensatórias feitas por pressão popular e a aprovação de parte delas pelo Congresso são insuficientes para minorar os efeitos da crise, priorizam o salvamento de empresas e do mercado financeiro e permitem redução de salários e até suspensão de contratos, sem qualquer negociação coletiva, rasgando mais uma vez os direitos trabalhistas mínimos.
Mas a crise política é apenas a culminância da política antipopular do governo Bolsonaro. Demonstrando seu desprezo pela vida do povo e pensando unicamente em sua reeleição, Bolsonaro defende o fim prematuro do isolamento social, fazendo tábula rasa do crescimento exponencial da curva contaminação pela covid-19 e do iminente colapso do sistema de saúde pública.
Nem Moro, nem Guedes, nem o general Mourão e a tutela militar, nenhum deles veio a público condenar as caravanas da morte e o discurso irresponsável de Bolsonaro, que motiva aumento do descumprimento da quarentena em diversos lugares do país. São coniventes com essas políticas e, portanto, são também responsáveis pelo risco de explosão das mortes sem que o sistema de saúde, carente de investimentos por conta do absurdo teto de gastos (EC95), tenha condição de suportar a ascensão descontrolada da curva de contaminação.
O governo mostra sua podridão, mas fica claro que não adianta ficar pedindo para que ele renuncie, como lideranças liberais e social-liberais têm feito. Só há uma forma de acabar com este governo, que ataca sistematicamente os direitos do povo, a soberania nacional, as liberdades democráticas e a natureza, e que reproduz a corrupção. Por isso, defendemos o impeachment de Bolsonaro e a convocação de eleições gerais, logo após o fim do isolamento social determinado pela pandemia do novo coronavírus.
O general Mourão, sendo parte do mesmo governo, deve ser igualmente incompatibilizado. Que o povo possa escolher seus governantes sem a manipulação das eleições pela usina de Fake News financiada por empresas apoiadoras deste governo, de acordo com a apuração da CPI instalada no Congresso e que os filhos de Bolsonaro tentam barrar na justiça.
Por isso, lutamos por um Plano Emergencial imediato para enfrentar a crise e o coronavírus e por Eleições Gerais, de modo a defendermos uma saída de esquerda, e aplicação de um Programa Democrático e Popular, sob hegemonia dos trabalhadores e trabalhadoras e no rumo do socialismo.
Parabéns pelo texto. É um retrato fiel da conjuntura. Quem o escreveu?
Coordenação Nacional da APS/PSOL.