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Por Cecília Silva e Bruno Tito*

A crise social e humanitária agudizada pela pandemia do Coronavírus vem demostrando como o capital e os seus agentes, a exemplo do Governo Bolsonaro, tratam a classe trabalhadora e os povos tradicionais. Enquanto, as trabalhadoras e os trabalhadores estão em isolamento social como medida necessária de sobrevivência e controle da circulação do vírus, o Governo Bolsonaro anuncia a rápida destinação de cerca de 1,2 trilhão de reais para os banqueiros e resiste em acelerar o pagamento da renda mínima de R$ 600,00 para as famílias mais necessitadas.

Por outro lado, nesse contexto de crise, estão surgindo diversas ações espontâneas, organizadas por grupos de pessoas ligadas ou não a movimentos sociais que estão dividindo o pouco que tem com aqueles que mais necessitam. Dentre essas ações, estão as movimentações de solidariedade das torcidas organizadas de futebol por todo o país. Merecem destaque, as campanhas de solidariedade realizadas pelas Torcidas Antifascistas do Esporte Clube Vitória e do Esporte Clube Bahia.

A Torcida Brigada Marighella iniciou com a “Campanha Rubro-Negra, Revolucionária e Solidária”, com o objetivo de arrecadar doações financeiras para o MSTB – Movimento Sem Teto da Bahia e para o RENFA – Rede Nacional de Feministas Antiproibicionaistas, já a Torcida Bahia Antifascista lançou a campanha “Vista Essa Camisa – Vamos ajudar a quem mais precisa”, que tem como objetivo, destinar todos os recursos das vendas das camisas da torcida, além de arrecadações financeiras, para distribuição de cestas básicas e produtos de higiene e limpeza para famílias sem teto organizadas pelo MSTB – Movimento Sem Teto da Bahia e pelo MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, além de famílias quilombolas do Quilombo Quingoma.

O principal critério das duas torcidas antifascistas para escolha dos movimentos foi bastante objetivo: ajudar aos que mais precisam. Para isso, foram escolhidos dois movimentos de referência na luta pela moradia, o MSTB – Movimento Sem Teto da Bahia, que organiza 800 famílias distribuídas em sete ocupações e o MLB – Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, que organiza 120 famílias num bairro periférico de Salvador; uma comunidade quilombola localizada no Município de Lauro de Freitas e perseguida pela especulação imobiliária, através dos governos municipal, estadual e federal, conhecida como Quilombo Quingoma, com 580 famílias quilombolas; e a Renfa – Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas que atua em defesa dos direitos das mulheres, especialmente periféricas, pretas e pobres que vivem em ocupações ou em situação de rua e trabalham no mercado informal, além de atuar na construção da rede feminina de afeto e cuidado.

As Torcidas Antifascistas vêm crescendo em todo o Brasil, principalmente após a eleição de Jair Bolsonaro, sob as bandeiras de luta contra o fascismo e os ideais da extrema direita, a democratização dos clubes e a defesa do futebol popular em contraposição ao chamado “futebol moderno”, além do combate ao racismo, machismo e homofobia no futebol.

As “Antifas”, nome dado as torcidas antifascistas, vem ocupando um importante espaço nas redes sociais e nas arquibancadas.

Na Bahia, as torcidas Antifas de Bahia e Vitória existem desde 2013. A Brigada Marighella surgiu a partir da articulação de torcedoras e torcedores do Vitória com as bandeiras de luta anticapitalista, anticarlista, antiproibicionista, anti-opressão e por democracia no clube.

Essas torcedoras e torcedores criaram uma cultura de esquerda, de reivindicação e mobilização permanentes na torcida rubro-negra. Nesse contexto, o grupo decidiu juntar o espírito de luta e amor ao clube, ao nome de um dos maiores símbolos da esquerda brasileira e torcedor do clube, que é Carlos Marighella. O Bahia Antifascista, também surgiu em 2013, inicialmente como Ultras Tricolor, sendo rebatizada anos depois como Bahia Antifascista. A torcida que representa os antifas tricolores nasce, como muitos outros no Brasil, no caldeirão que envolvia as Jornadas de Junho, os Comitês Populares da Copa e a crítica ao futebol moderno trazido com as novas arenas, defendendo pautas antifascistas, anticapitalistas e no combate às opressões dentro e fora dos estádios. Atualmente, outras Antifas estão surgindo no Estado, a Exemplo do Galícia Antifascista, torcida de um dos clubes mais tradicionais da Bahia, o Galícia.

Compreendendo que um clube de futebol e a sua torcida não são ilhas apartadas do restante da sociedade e que o futebol no Brasil, assim como em várias partes do mundo, está diretamente ligado à cultura e ao imaginário do povo, a atuação das torcidas antifascistas, apresenta um importante diálogo de massas, utilizando um elemento que mexe com essa cultura e imaginário, que é o futebol.

Para além do amor aos seus respectivos clubes e as permanentes bandeiras de luta dentro e fora das arquibancadas, as torcidas Antifascistas do Vitoria e do Bahia e resgatam uma das mais importantes virtudes da classe trabalhadora, a solidariedade de classe.

Apontando mais um caminho para importante atuação das torcidas Antifas. Afinal, não é só futebol!

Link da campanha “Vista Essa Camisa – Vamos ajudar a quem mais precisa”:
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1734069416732852&id=660286914111113

Link da “Campanha Rubro-Negra, Revolucionária e Solidária”:
https://www.facebook.com/327153594124832/posts/1432997353540445/

*Cecília Silva – Membra da Torcida Brigada Marighella, Conselheira do Esporte Clube Vitória pela Frente Vitória Popular e Comissão Organizadora da Marcha do Empoderamento Crespo.

Bruno Tito – Membro da Torcida Bahia Antifascista, da TAU Nordeste – Torcidas Antifascistas Unidas do Nordeste, da TAU Brasil – Torcidas Antifascistas Unidas do Brasil e da FNPFP – Frente Nacional Pelo Futebol Popular.

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