APS/PSOL repudia a política imperialista do governo americano e a submissão do governo Bolsonaro/Mourão. Em defesa da autodeterminação de povos e países. Nota da APS/PSOL, a seguir.
NOTA DA APS/PSOL EM REPÚDIO AO ATAQUE DOS EUA AO IRÃ E IRAQUE
“O mundo é um lugar mais seguro sem esses monstros”, afirmou Trump após o ataque estadunidense no Iraque que matou pelo menos oito pessoas, entre elas Qassem Soleimani chefe da poderosa Guarda Militar Revolucionária do Irã e Abu Mahdi al-Muhandis, comandante das Forças de Mobilização Popular, milícia xiita iraquiana apoiada pelo governo iraniano. Esse ataque não é outra coisa senão um ataque terrorista patrocinado diretamente pelo governo de Trump e o Pentágono, que atingiu diretamente dois países: Irã e Iraque.
Na justificativa oficial Trump reitera que o governo “continuará tomando TODAS as ações necessárias para proteger nosso povo e nossos INTERESSES onde quer que eles estejam ao redor do mundo”. Essa declaração é bastante elucidativa do que é a política externa dos governos que se sucedem nos EUA. Eles, invariavelmente, acham que o mundo é uma espécie de quintal do seu país. Acham que podem e devem intervir em qualquer parte do globo terrestre onde haja interesses estadunidenses em jogo.
Esta ação é parte do contexto da crise mundial do capitalismo, dos conflitos interimperialistas e do enfraquecimento econômico relativo dos EUA, que procuram compensar isso com maior fortalecimento militar.
Os EUA possuem pelo menos 600 bases militares espalhadas pelo mundo com cerca de 350 mil soldados divididos em 9 comandos (do Norte, do Sul, do Pacífico, o Central, o Europeu, o de Forças Conjuntas, de Operações Especiais, o de Transporte e o Estratégico. Mais de 116 mil soldados estão na Europa (quase o mesmo efetivo da Inglaterra) sendo 75 mil só na Alemanha. Na Ásia somam mais de 97 mil soldados, e é assim ao redor do globo.
Não há nenhuma região do mundo sem bases e soldados estadunidenses. O orçamento militar chegou na casa dos 649 bilhões de dólares o que significa mais de mil dólares por cada cidadão estadunidense. Esse valor é semelhante à somatória dos outros oito países que mais gastam com as forças armadas, incluindo a China e a Rússia. Aliás o gasto mundial com armas chega a 1 trilhão e 820 bilhões de dólares muito mais do que os 250 bilhões necessários para acabar com a fome.
O ataque terrorista de Trump foi extremamente grave e certamente vai aumentar a tensão na região que este assumiu o governo e rompeu unilateralmente o acordo nuclear do Irã com a Europa, Rússia e EUA. A tensão aumentou desde junho de 2019 quando dois petroleiros foram misteriosamente atacados próximos ao Irã (uma ação até agora não esclarecida) e quando da derrubada de um drone americano em território iraniano. No fim do ano, a situação se agrava ainda mais com ataques dos EUA a bases de milícias xiitas simpáticas ao Irã na Síria e no Iraque causando diversas mortes. Como resposta, uma manifestação de iraquianos contra a agressão dos EUA, culminou com uma tentativa de invasão popular à embaixada dos EUA em Bagdá, que gerou mais agressões dos EUA.
O governo Iraniano já afirmou que haverá retaliação contra aqueles que “tem o sangue de Soleimani nas mãos”. O Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, afirmou que haverá vingança implacável. O luto oficial de quatro dias será marcado por manifestações de dezenas de milhares de iranianos. O presidente do Iraque Barham Salih classificou o ataque em solo iraquiano como ilegal e uma violação da soberania nacional, embora tenha uma postura mais branda que o Irã. Mas a desproporção militar é muito grande.
É obvio que há diversos interesses em jogo. A geopolítica da região é profundamente marcada pelas sanções econômicas praticadas pelo governo dos EUA e pelo controle do petróleo. Aliás, recentemente o Irã anunciou a descoberta de mais um enorme campo de petróleo na região com mais de 50 bilhões de barris. Ademais é bom lembrar que Trump enfrenta um processo de impeachment que foi aprovado na câmara dos deputados embora a tendência seja de ser barrado no senado, de maioria republicana. Enfim, este é um ano eleitoral dos EUA, país onde os presidentes costumam fazer agressões militares para criar um clima de “união nacional contra o inimigo externo” e explorar isso eleitoralmente.
A Rússia e a China têm importante presença na região, tanto militar (Rússia) como econômica (China), através de comércio, investimentos diretos e também porque é região chave para o projeto chinês da Nova Rota da Seda. Eles protestaram contra o assassinato do general Iraniano, chamando a ação dos EUA de “ilegítima” mas, até o momento, a postura de ambos os países tem sido moderada, se colocando numa postura “construtiva” e de “interessados em reduzir tensões”.
Embora o risco de uma “guerra mundial” seja quase nulo é certo que as tensões na região vão se agravar profundamente e precisamos repudiar esse ato terrorista de Trump. Os EUA não têm direito de ser a “polícia do mundo”. Não têm direito de desrespeitar a soberania de nenhum país sob pretexto de defender seus cidadãos ou seus interesses.
Repudiamos também a posição do governo Bolsonaro que, de fato, endossou os ataques do governo Trump, se mostrando mais uma vez um governo submisso e a reboque da política internacional dos EUA.
Mas a resistência popular a estes ataques está viva. No Iraque, no Irã, no Oriente médio e no mundo, milhares foram às ruas em protesto contra as agressões imperialistas.
Por isso a APS/PSOL repudia a política imperialista do governo americano e a submissão do governo Bolsonaro/Mourão, em defesa da autodeterminação de povos e países.
Nossa luta é Internacional!
Fora Trump!
Fora Bolsonaro/Mourão!
Fortalecer a Resistência Popular ao Imperialismo!
ENAPS – Executiva Nacional da APS