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A “renúncia” de Evo Morales, sob a ameaça das baionetas das Forças Armadas, foi um golpe. Toda solidariedade ao povo e apoio à resistência popular na Bolívia! Pela soberania e autodeterminação do povo boliviano! Nota da APS/PSOL, a seguir.

Não ao Golpe de Estado e todo apoio à Resistência Popular na Bolívia.

Declaração da Ação Popular Socialista – APS/PSOL

 

De pie, luchar,

el pueblo va a triunfar.

Será mejor la vida que vendrá

a conquistar nuestra felicidad”.

(Grupo musical Quilapayún – Chile)

 

O que aconteceu na Bolívia foi um Golpe de Estado. Nenhuma tergiversação sobre isso pode ser aceita. A “renúncia” de Evo Morales, sob a ameaça das baionetas das Forças Armadas, foi um golpe.

O Golpe foi patrocinado pela extrema direita boliviana representante do grande capital nacional e internacional em conluio com segmentos do fundamentalismo religioso. Além disso, há fortes indícios da ação do imperialismo estadunidense e mesmo do governo de extrema-direita de Bolsonaro.

As figuras que encabeçam e personificam o golpe são: Luis Fernando Camacho e Carlos Mesa. Camacho, apelidado de “Bolsonaro da Bolívia, é um empresário de extrema-direita que preside ao denominado “Comitê Cívico pró Santa Cruz” e que costuma bradar que “a bíblia vai voltar ao Palácio do Governo”. Já Mesa, que chegou a ocupar a presidência entre 2003 e 2005, é um político profissional e foi o principal candidato de oposição a Evo Morales nas últimas eleições. Os dois disputam a condição de alternativa de direita a Morales.

Evo Morales, único indígena a presidir um país que tem aproximadamente 70% de sua população etnicamente ligada aos povos indígenas, foi eleito pela primeira vez em 2005 obtendo mais de 53% dos votos. Àquela altura seu governo significava dar voz a uma população historicamente excluída e marginalizada. Sua bandeira principal era a nacionalização de setores estratégicos como telecomunicações, petróleo, gás e água e a adoção de um modelo de desenvolvimento marcado pela forte presença do estado em diversos segmentos da economia, a participação popular e a constituição da Bolívia como uma República Plurinacional, em reconhecimento às nações indígenas.

Durante seu governo, a Bolívia experimentou uma relativa melhoria das condições econômicas, sociais, culturais do povo e na vida democrática. Exemplo disso, foram os vários indicadores como o crescimento médio de 5% ao ano nos últimos dez anos, inflação baixa (2% em 2018), queda do desemprego, da mortalidade infantil e dos indicadores de pobreza. Mas seu governo não foi além dos marcos do nacional desenvolvimentismo e não rompeu a hegemonia do capital.

Como sabemos, o desenvolvimentismo em geral, mesmo na versão boliviana, que foi mais ambicioso que o neodesenvolvimentismo de outros países da América Latina (como Brasil e Argentina), sempre chega a momentos de crise econômica e/ou política. Ou avança, rompendo com o imperialismo, o latifúndio, os monopólios e as oligarquias em geral, numa transição ao socialismo, ou será derrotado ou derrubado pelo grande capital. E o governo de Evo Morales e seu partido (MAS), ficou devendo esse passo revolucionário. Sua tentativa de conciliação de classes, mais uma vez na história, mostrou-se impotente.

Além disso, o processo eleitoral, desde o referendo para a sua reeleição, foi polêmico e conturbado, mesmo entre uma parte da esquerda e dos movimentos populares bolivianos, o que requer um balanço mais profundo.

Se aproveitando dessas circunstâncias, a direita em geral e sua ala mais extrema, como instrumento do grande capital, partiu para a ofensiva passando a ter a participação ativa da polícia e em seguida do Exército. O resultado foram prisões, mortes, incêndios de prédios públicos e residências de integrantes do governo (inclusive a casa do presidente) coagindo o governo e impondo a “renúncia” de Evo Morales no domingo, em 10 de novembro. Com exemplos como o corpo violado da prefeita Patrícia Arce (MAS) e também das milhares mulheres indígenas em marcha que foram atacadas pelos milicianos neopentecostais, demonstrando o nítido caráter de classe, além do racismo, da misoginia e etnocídio da violência perpetrado contra o povo.

O resultado de um processo conturbado e ainda pouco esclarecido, foi a renúncia tanto de Evo Morales, quando do seu vice Álvaro Linera, da presidente do senado e seu vice, do presidente da Câmara dos Deputados (todos aliados de Evo Morales), sendo que Morales e seu vice pediram e obtiveram asilo político no México, onde chegaram hoje.

Enquanto isso, também no dia de hoje, a segunda vice presidente do senado, Jeanine Añez (da oposição de direita), numa seção fajuta e sem quórum do Congresso, se autonomeou presidente da Bolívia, numa clara usurpação da soberania popular.

Porém a situação ainda não está clara, na medida em que as forças populares, tanto as que eram fiéis a Morales quanto todos que, mesmo críticos a seu governo, combatem o golpe, ainda estão ativos na resistência.

Mas as críticas que temos aos governos como o de Evo Morales e suas posições estratégicas ou táticas, não deixam dúvidas quanto à posição que temos que ter, veementemente contra o golpe, a favor da autodeterminação do povo boliviano, contra o uso das FFAA contra o povo e a serviço da direita e do grande capital e pelo fim das prisões arbitrárias e da repressão aos movimentos sociais.

 

Não ao Golpe!

Toda solidariedade ao povo e apoio à resistência popular na Bolívia!

Fora Jeanine Añez!

Pela soberania e autodeterminação do povo boliviano!

 

Ação Popular Socialista – APS/PSOL

12 de Novembro de 2019

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