Pajeú: Resistência em Movimento em defesa da Educação. Por uma UNE autônoma, diversa, combativa e ousada na Resistência por uma educação socialmente referenciada! A seguir.
Desde 1500
Tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato.
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
(Samba Mangueira, 2019, Wantuir)
“Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento”, mas o nosso povo sempre resistiu aos ataques opressores e construiu um conjunto de ações individuais, mas sobretudo coletivas, para enfrentar a dominação e pautar um novo modelo de sociedade. Foi assim no Quilombo dos Palmares, onde Dandara e Zumbi construíram um território livre da opressão escravocrata; foi assim na Revolta de Canudos onde sertanejas e sertanejos construíram um território livre dos coronéis e onde o povo não passava fome; foi também em Canudos que o escravizado liberto Pajeú junto com centenas de pessoas enfrentou as forças armadas da República por meio do conhecimento sobre o território, da radicalidade e da convicção de milhares de pessoas que construíam um mundo novo.
É nesse legado que nós do Campo de Juventude Pajeú – Resistência em Movimento nos inspiramos. Defendemos um movimento estudantil radical, que se relacione diretamente com as/os estudantes, que corresponda com as nossas lutas cotidianas – do papel higiênico à assistência estudantil – e que alce voos maiores – das cotas à uma nova sociedade. Portanto, defendemos um movimento estudantil autônomo, diverso, combativo e ousado.
A juventude brasileira sempre esteve presente nas lutas nas ruas, nas escolas e nas Universidades, pois esses são nossos lugares! Clamamos por educação, saúde, transporte público de qualidade, trabalho digno, moradia, pelo direito a cidade e de amar quem quiser, pela legalização do aborto e pela vida das mulheres. Não a transfobia! Vidas LGBTQI+ existem e resistem! Somos uma juventude antiproibicionista por isso, defendemos a legalizaçao das drogas. E, reafirmamos que vidas negras importam e dizendo não a violência e o extermínio da juventude negra e ao encarceramento em massas.
Lutamos contra a escravidão, pela universalização do ensino, enfrentamos a ditadura, reivindicamos direitos na Constituinte, pintamos a cara contra Collor e as privatizações de FHC, não nos curvamos aos governos contraditórios de Lula, que também favoreceu banqueiros, especuladores, empreiteiros e latifundiários. Fomos às ruas nas Jornadas de Junho de 2013, resistimos aos cortes na educação durante o governo Dilma, combatemos a corrupção da classe política e dos grandes políticos e empresários. Nos confrontamos com o fundamentalismo reacionário e o autoritarismo de Feliciano, Cunha, Temer e Bolsonaro. Fizemos parte da primavera feminista em 2015 e do #EleNão. Estivemos juntos com trabalhadoras e trabalhadores, construímos a luta contra o congelamento dos gastos com saúde e educação e a maior greve geral do Brasil em 2017. Lutamos contra a manipulação de um judiciário parcial e da grande mídia e pela democratização da comunicação.
Nos últimos anos o Brasil tem sido palco do aprofundamento das políticas neoliberais, que se materializam nos ataques das políticas públicas, tendo em vista a necessidade do mercado financeiro em transformar os direitos sociais em serviços prestados pela iniciativa privada. A educação pública é o setor que mais vem sofrendo com esse processo de precarização, com intensos cortes na educação básica e superior; o MEC anunciou um corte de 30% no orçamento previsto as instituições de educação federal e de 2,4 bilhões no Fundo da Educação Básica (FUNDEB). Aliado ao ataque direto do governo as instituições públicas, as instituições privadas têm cortado bolsas de estudantes pobres à revelia das necessidades dos mesmos, mais uma vez privilegiando os interesses do capital, e não da juventude.
Esses cortes irão causar um verdadeiro caos na manutenção da educação no nosso país, provocando o desmonte do serviço público e das condições de trabalho para os profissionais da área.
As universidades terão dificuldades de manter políticas afirmativas e de pesquisa e extensão, correndo risco de fechar. Somado a isso tivemos o congelamento dos gastos com a educação por 20 anos e a aprovação da reforma trabalhista que impacta diretamente na vida da juventude, pois nos retira o direito de estudar – que possibilita melhoria de vida – e de trabalho digno com direitos trabalhistas assegurados (negação que temos enfrentado desde o 14 de maio de 1888, com algumas conquistas ao longo dos últimos 130 anos). Além disso, temos uma reforma da previdência criminosa proposta pelo governo que quer tirar a alternativa da previdência pública e quer nos fazer trabalhar até morrer.
Em meio a esse cenário, a juventude vem a cada dia tem se deparado com uma realidade de desesperança e de falta de perspectivas de futuro. A taxa de desemprego é alarmante, com mais de 13 milhões de brasileiros sem trabalho, problemática essa que só se agrava com o não acesso as universidades, pois o mercado de trabalho atualmente exige a maior capacitação possível da mão de obra. Não vamos aceitar que a juventude e os trabalhadores paguem por uma crise que é criada por um sistema político e econômico baseado em privilégios.
Desde a nossa fundação fizemos uma opção por não construir a União Nacional dos Estudantes por avaliar seu distanciamento com a base estudantil, a burocratização e o distanciamento das lutas estudantis já que tinha ligação umbilical com os governos petistas. Com a mudança de conjuntura política e os ataques ao povo brasileiro, em especial a juventude, estamos revendo o nosso posicionamento e com isso participamos como observadores do CONEB, das eleições para o CONUNE e iremos ao 57° Congresso com o objetivo de aprofundar nossa análise sobre a UNE, conhecer seus coletivos e as movimentações das forças políticas para vivenciar e gerar uma síntese
sobre a nossa participação e nossa relação com esse instrumento que deve expressar a luta e radicalidade das/os estudantes brasileiros.
− Defesa da Universidade Pública, gratuita, de qualidade, inclusiva, laica e socialmente referenciada.
− Contra os Cortes na Educação básica e universitária.
− Pelo direito dos estudantes bolsistas das universidades particulares de concluir seus cursos.
− Em defesa da permanência e assistência estudantil revogando o decreto que extinguiu assistência indígena e quilombola.
− Em defesa de uma educação sem mordaça.
− CONTRA a militarização das escolas a nível nacional e estadual.
− Em defesa da autonomia universitária.
− Em defesa de um ensino e de uma pesquisa e extensão voltadas para os interesses do povo.
− Contra Reforma da Previdência e contra a retirada de direitos.
− Por um Movimento Estudantil diverso, combativo e autônomo.
− Exigimos respostas: QUEM MANDOU MATAR MARIELLE FRANCO?
Pajeú
São mais de 500 anos
De Resistência e de Luta
Mas há lutadores e fatos
Que a história nos oculta
Vamos lembrar de um deles
E no seu legado inspirar
As lutas daqui em diante
Pajeú nos protegerá
Escravo negro liberto
Estrategista, Guerrilheiro
Ardiloso e destemido
Contra a força do Governo
Defensor de Canudos
Da revolta Popular
Da união dos excluídos
Contra a junta militar
Ameaça ao Estado
Ao avanço imperial
Ao poder do latifúndio
Uma trincheira social
Essas são as referências
Que Pajeú carrega
Resistência em Movimento
Pois a história não se encerra
Se a história não se encerra
O amanhã vamos fazer
Somos todos Pajeú
Ousar Lutar, Ousar Vencer!
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