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Mas o elemento determinante para os abalos de qualquer governo, principalmente os ultra autoritários, como o de Bolsonaro, é a mobilização popular. Artigo de Fernando Carneiro*, a seguir.

O MITO TEM MEDO DAS RUAS

Menos de 48h depois da Greve Nacional da Educação (#15M), que levou milhões de pessoas às ruas contra os cortes nas universidades e institutos federais, Bolsonaro solta uma nota, supostamente anônima, em que insinua, aos moldes de Jânio Quadros, que forças ocultas ou as “corporações” estão a sabotar seus esforços em sanear o país. O governo sentiu a pressão das ruas.

O texto, apocalíptico e cheio de desesperança, insinua duas alternativas: ou uma saída do presidente, tipo uma renúncia, ou um endurecimento para enfrentar as inominadas “corporações”. Bolsonaro é um idiota que tem se mostrado inútil às elites que dominam o país. As dissensões dentro da sua base militar; as incontáveis trapalhadas na relação com o congresso; a truculência no trato com a oposição; os escândalos sem fim de sua prole; a inabilidade em assegurar uma base de sustentação mínima; a estagnação econômica; o crescimento do desemprego; a morosidade e a perda de apoio para aprovação da “reforma” da previdência; o isolamento crescente entre os partidos que o elegeram e mesmo dentro do PSL são motivos de sobra para a paralisia e a crise de governabilidade.

Mas o elemento determinante para os abalos de qualquer governo, principalmente os ultra autoritários, é a mobilização popular. O imbecil inútil, no afã de agradar a sanha liberal de destruição das políticas públicas, cortou verbas para a educação em todos os níveis. Foi a gota d’água para transformar em AÇÃO a INDIGNAÇÃO acumulada. De norte a sul do país o povo tomou ruas e praças e o alvo era bem claro: o governo Bolsonaro.

Os setores de direita, que disputaram a direção das jornadas de junho de 2013, ficaram inertes diante da radicalização política das massas em movimento. E esse é, repito, o elemento que agudizou a crise no governo. Ainda é cedo para afirmarmos que a situação mudou de curso, mas é inegável que a realidade não é mais a mesma. O 15 de maio foi antecedido manifestações importantes como o “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”; 8 de março; Quem mandou matar Marielle e o 1° de maio. O #15M é, ao mesmo tempo, a continuidade dessas manifestações, a superação qualitativa destas e o prenúncio de novas e gigantescas lutas.

A ignorância olímpica do governo em lidar com os movimentos sociais está amalgamando a unidade à esquerda de todos que, resguardadas suas diferenças, estão na oposição ao governo. Já não se trata de um movimento restrito às direções estudantis, populares e sindicais. Agora é o povo que toma as ruas e quando isso acontece as estruturas de poder sempre sofrem fortes abalos.

A realidade é tão dinâmica que a próxima grande ação de rua seria a greve de 14 de Junho, mas já está marcada mais uma grande manifestação para o próximo dia 30 de maio, uma prova da disposição de luta do povo, principalmente dos estudantes que estão na vanguarda dessa formidável onda de lutas.

Nossas tarefas são claras: aprofundar a unidade contra a reforma e os cortes; encurralar e isolar ainda mais Bolsonaro e seu governo; construir o dia 30 de maio e principalmente a Greve Geral de 14 de Junho. Ao mesmo tempo temos que aprofundar o estudo da realidade e pensar em alternativas factíveis e exequíveis. Não nos interessa tirar Bolsonaro e colocar Mourão. Tampouco Maia ou o STF são alternativas. A situação exige ação e reflexão para que possamos superar positivamente essa crise. Como disse antes, é precipitado crer que o governo não tenha alternativas ou que suas forças estejam esgotadas. Isso seria irresponsável e leviano, mas é notório que estamos em uma condição muito mais favorável que antes.

Se as próximas manifestações e principalmente a Greve Geral forem tão ou mais massivas que o #15M a reforma da previdência, prova de fogo do idiota de plantão na presidência, estará seriamente ameaçada e por consequência o próprio governo.

O momento é de debate, construção e principalmente unidade, pra garantir e ampliar direitos e fortalecer a democracia. E isso só será possível com o povo nas ruas. Nem o passado como era, nem o presente como está. Já vencemos inimigos piores. A luta só começou.

* Fernando Carneiro

Vereador de Belém e dirigente nacional do PSOL

www.facebook.com/FernandoCarneiroPSOL

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