Congresso aprovou o “Fora Temer” e foi marcado por protagonismo feminino e resgate do BB enquanto entidade social.
O 27º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB) reuniu, em São Paulo, 323 delegados e delegadas entre os dias 17 e 19 de junho.
Foram aprovadas as reivindicações específicas para a Campanha Nacional 2016 e um unânime Fora Temer. Os bancários salientaram a importância da coesão nacional da categoria na política de aumento real de salários, cujo índice de reajuste será discutido na Conferência Nacional dos Bancários, a ser realizada entre os dias 29 e 31 de julho, em São Paulo.
Pontos chave como o resgate do papel social dos bancos públicos e da defesa da democracia foram discutidos pelos delegados, que reafirmaram o posicionamento de resistência contra a privatização e do seguimento das mobilizações em relação ao PL 4918.
Foram aprovadas as moções de repúdio à dívida pública e atuação truculenta da polícia nas manifestações da categoria bancária em São Paulo, além das moções de repúdio ao assédio sexual em todos os espaços e a defesa do protagonismo feminino na condução de debates durante a realização do Congresso, as duas últimas apresentadas pelas mulheres.
Além do Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil foi realizado o Seminário Nacional em Defesa dos Bancos Públicos, que contou com a participação de parlamentares e de representantes dos movimentos sindicais e sociais.
“É positivo levantar o debate sobre a importância das empresas públicas. Porém, durante o seminário faltou abrir espaço para a pluralidade de ideias. Os convidados que estavam na mesa falaram durante muito tempo, suas falas eram governistas, não contemplavam a opinião de muitas pessoas que estavam ali e não foi dado ao público tempo suficiente para se manifestar”, diz o diretor do Sindibancários, Dérik Bezerra.
Para Derik, algumas deliberações mostram os avanços obtidos no Congresso deste ano, como a aprovação do fim da imposição de metas, reposição das perdas salariais do governo FHC a partir da política de aumento real e valorização do piso.
“Outra reivindicação aprovada foi a possibilidade de filmar as negociações, que, assim, poderiam ser transmitidas pela internet. Acho que isso dá mais transparência”, acredita. Também foi aprovada por unanimidade postura contrária ao governo golpista de Michel Temer. “Não devemos apoiara nenhum governo que retire direitos dos trabalhadores e trabalhadoras”, destaca Derik.
Protagonismo feminino
Por uma iniciativa da bancária capixaba Suellen Suzano, ocorreu durante o Congresso uma reunião com as bancárias cujo objetivo foi discutir as demandas das trabalhadoras em seu ambiente de trabalho e no movimento sindical. A proposta, que não estava prevista na programação do evento, reuniu grande parte das mulheres presentes e gerou uma mobilização que garantiu a aprovação da paridade de gênero para o Congresso de 2017. A decisão vai ampliar a participação das mulheres, assegurando sua representatividade.
Para a diretora do Sindicato dos Bancários/ES, Goretti Barone, a reunião de mulheres foi um momento histórico. “Trabalhadoras de várias correntes participaram e o que ficou bem claro é que precisamos unificar e fortalecer a luta contra a opressão feminina”, afirma. De acordo com ela, entre as denúncias feitas pelas bancárias em relação à desigualdade no ambiente de trabalho está a questão do comissionamento.
“Muitas mulheres disseram que, durante a entrevista para seleção de cargos comissionados uma das perguntas feitas é se elas têm ou pretendem ter filhos. Já no movimento sindical, elas destacaram a dificuldade de ocupar alguns espaços e as tentativas de desqualificação de suas ideias, de suas opiniões, de sua maneira de pensar”, diz Goretti.
Veja a principais reivindicações aprovadas no Congresso:
Remuneração e Condições de trabalho
Unidade nacional da categoria na política de aumento real de salários, com o índice de reajuste a ser retirado na Conferência Nacional dos Bancários, que ocorrerá de 29 a 31 de julho, em São Paulo.
Plano de Carreira e Remuneração (PCR) com aumento nas promoções por mérito e com inclusão de escriturários.
Estipulação de piso para o PCR a partir do salário mínimo do Dieese e o interstício na tabela de antiguidade de 6%, com mérito maior e para todos.
Fim do assédio moral e das metas abusivas, assim como respeito à jornada de trabalho e a inclusão dos 15 minutos de descanso para as mulheres dentro da jornada.
Saúde Pública e Suplementar/Cassi
Realização de fórum nacional sobre saúde e fortalecimento do modelo assistencial de Estratégia de Saúde da Família (ESF), com a ampliação de cobertura do déficit da Cassi pelo Banco do Brasil.
Manutenção do princípio de solidariedade na Cassi e inclusão de funcionários dos bancos incorporados pelo BB para que sejam assistidos pela ESF.
Complementação da política de saúde preventiva, com melhorias na eficiência do Exame Periódico de Saúde (EPS) do banco, além de mais autonomia na estrutura do Serviço Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT).
Aumento do número de ausências permitidas de todos os funcionários e das pessoas com deficiência (PCD). Muitos bancários destacaram que cadeirantes, ou mesmo funcionários que usam próteses, necessitam de tempo para fazer a manutenção dos equipamentos.
Previdência Pública e Complementar/Previ
Instalação de mesa de negociação com o banco sobre o Economus (Instituto de Seguridade Social da Nossa Caixa). Os funcionários reivindicam que os participantes sejam os únicos beneficiários e criticam a indicação da diretoria feita apenas pelo BB, e antigamente pela Nossa Caixa.
Luta contra o PLP 268 (Fundos de Pensão).
Rechaço da reforma da previdência proposta pelo governo interino e ilegítimo de Michel Temer e defesa de uma previdência pública solidária e universal, que garanta aposentadoria integral a todos os trabalhadores.
Em relação a Previ, os funcionários do BB reivindicam o fim da resolução 26, para que o superávit do plano de previdência seja investido na melhoria dos benefícios. Fim do voto minerva no Conselho Deliberativo e implantação de teto para os benefícios.
Banco do Brasil e Sistema Financeiro Nacional
Resgate do Banco do Brasil enquanto entidade social, com ênfase na defesa da democracia e das empresas públicas.
Luta contra a privatização, com continuidade das mobilizações em relação ao PL 4918.
Regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal que trata do Sistema Financeiro Nacional.
Organização do Movimento
Unificação das lutas em prol da defesa dos bancos públicos para garantir direitos à categoria bancária e preservar o patrimônio do povo brasileiro.
Defesa de mesa única de negociação e negociações específicas concomitantes.
Moções
Moção de repúdio ao assédio sexual no na vida, no trabalho e no movimento sindical. Outra moção feminista defendeu uma nova forma de composição das mesas no CNFBB e exigiu a garantia de participação protagonista das mulheres no congresso e em outros espaços da luta sindical.
Moção de repúdio à dívida pública e à atuação truculenta da polícia nas manifestações dos bancários de São Paulo.
Foto: Delegação capixaba do BB e da Caixa participam de congresso